Orientadores: Marta Lagreca, José Paulo Gouveia, José Guilherme Schutzer e Paulo Roberto de Albuquerque Bomfim (Instituto Federal de Educação – Ciências e Tecnologia de São Paulo)
Discentes: Mayte Tosta Moledo Coelho e Bruna Ribeiro Alves
Descrição: Busca-se, a partir de procedimentos cartográficos, compreender os processos de territorialização / desterritorialização atinentes aos fluxos materiais e imateriais das populações tradicionais impactadas por grandes obras de infraestrutura no território nacional. A presente pesquisa centra-se no estudo do caso paradigmático das obras da Hidrelétrica de Belo Monte –especificamente no município de Altamira, no Pará. Propõe-se a realização de um exercício de cartografia das comunidades ribeirinhas impactadas ao longo do Rio Xingu, especialmente em suas atividades socioeconômicas (pesqueiras, extrativistas), e culturais, de modo a contribuir para uma compreensão maior das desterritorializações produzidas quando da implantação da Hidrelétrica de Belo Monte – 2009 a 2015. Somente no município de Altamira, o número oficial de reassentamentos urbanos abaixo da cota 100m, lindeira aos igarapés Ambé, Altamira e Panelas e em parte da Orla do Rio Xingu, correspondeu a aproximadamente 7.800 famílias. De modo geral busca-se trazer novos dados para compreender como se dão estes deslocamentos com fortes desdobramentos nos modos de vida preexistentes, nas atividades produtivas e na cultura local, bem como nos demais fluxos materiais e imateriais (criminalidade, drogadição, prostituição, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, ampliação dos déficits de infraestruturas e equipamentos sociais etc); de forma pontual busca-se investigar de que maneira se poderia produzir representações gráficas e cartográficas que, em vez de reduzir, esconder e dissimular, tornariam mais evidentes e passíveis de compreensão os processos ocorridos.
A implantação da Hidrelétrica de Belo Monte no Pará (2009-2014), além de toda a controvérsia e discussões político-ambientais acaloradas, gerou uma série de alterações nos fluxos materiais e imateriais nas áreas de influência do empreendimento com impactos significativos em grande parte da população moradora em áreas rurais e urbanas, em especial nas áreas ribeirinhas. Além dos processos de desterritorialização das comunidades beiradeiras, destacam-se mudanças significativas no uso social do rio, elemento intrínseco ao modo de vida das populações tradicionais e nativas, ali presentes.
O objetivo primordial da pesquisa é cartografar os deslocamentos, fluxos e demais processos de desterritorialização e reterritorialização pelos quais passaram as populações – autóctones, ribeirinhas, e também aquelas migrantes, vindas como mão de obra trabalhadora da construção civil. E o impacto de uma sobre a outra. Os resultados obtidos serão divulgados por meio de cartografias, cartogramas e gráficos que comuniquem, de modo alternativo e sensível, os desajustes pelos quais vem passando a região e suas comunidades, em seus sucessivos deslocamentos voluntários e involuntários.
Referências bibliográficas iniciais:
ISA – INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. PROGRAMA XINGU. Dossiê Belo Monte. Não há condições para a Licença de Operação. São Paulo, Junho 2015.
VELÁSQUEZ, Cristina; VILLAS BOAS, André; SCHWARTZMAN, Stephen. Desafio para a gestão ambiental integrada em território de fronteira agrícola no oeste do Pará. RAP Rio de Janeiro 40(6):1.061-75, Nov. /Dez. 2006.
LEFEBVRE, Henri. La Presencia y La Ausencia: Contribuición a La Teoria de las Representaciones. México D.F.: Fondo de Cultura Econonica, 2006.