O projeto na Vila Cachoerinha se trata de uma horta hidropônica vertical, implantada em uma pedreira. A transformação de uso do local para produção de alimentos veio com a intenção de trazer essa para mais perto do consumidor, uma vez que a maior parte da população está na metrópole e os alimentos são produzidos em larga escala no interior.
O sistema de cultivo, o hidropônico, foi escolhido devido ao local ter caracteristicas de erosão do solo, não sendo fértil, e o relevo não ser propício para o transporte de terra. Além disso, tem um ótimo desempenho e é mais sustentavel quando comparado a outros sistemas. O pesquisador e agricultor Nando Melonio afirma que: “O processo de hidroponia apresenta várias vantagens em relação às formas de cultivo tradicionais, como: crescimento mais rápido; maior produtividade; aumento da proteção contra doenças, pragas e insetos nas plantas; economia de água de até 70% em comparação à agricultura tradicional; possibilidade de plantio fora de época e rápido retorno econômico; assim como menores riscos perante as adversidades climáticas. Na hidroponia, a planta não entra em contato com o solo e recebe os sais minerais que precisa em proporção equilibrada, dissolvidos em água. O resultado é uma planta mais forte e sadia, com qualidade nutricional e sabor equivalente aos vegetais produzidos nas práticas tradicionais de cultivo. […] Ao utilizar a hidroponia, o agricultor também evita a degradação dos solos e a agressão ao ambiente”.
Assim, em um primeiro momento, o estudo da pedreira e a investigação de possibilidades para a viabilidade da horta vertical foram pontos importantes para entender melhor o local e a maneira que os programas básicos e de apoio se conformariam nesse espaço, levando em conta, a todo momento, as questões projetuais e com as questões de logísticas. A partir disso, os estudos sobre o terreno e os meio físicos locais se tornaram necessários, como por exemplo, a análise do espaço em relação à carta solar, que deixou claro os alimentos mais viáveis de serem produzidos nesse local e pelo sistema hidropônico, sendo eles; a alface, a escarola e a rúcula. Já que precisam da mesma quantidade de sol e de um mesmo sistema de irrigação. A proporção da produção dos três alimentos foi outra pesquisa, uma vez que é preciso decidir quanto de cada alimento será plantado, assim levando em conta que 90% dos brasileiros consomem alface, 40 % rúcula e 30% escarola, as áreas destinadas a cada plantio são de 50-60% para a alface, de 25-30% para rúcula e 15-20% para escarola.
Após todos os estudos necessários foram propostos espaços e edifícios que abrigassem os programas, localizados tanto no nível A, onde a pedreira se conforma, quanto no nível B, grande área que liga o nível A á rua.
Focando inicialmente no nível A da pedreira, foi pensado o projeto para a preparação, armazenamento, condução e escoamento da água necessárias para a plantação. Definindo, então, um reservatório inferior, conformado pela própria pedreira e dividido em duas partes, a primeira parte com água pura, utilizada para alimentar a parte hidráulica do projeto, como por exemplo os sanitários, e a segunda parte com o aquaponics, sistema em que os peixes, mais especificamente a tilapia, são colocados junto a água com a intenção de liberarem matéria orgânica que vai constituir a solução nutritiva para irrigação. Por meio de tubos de pvc ou de cobre, a água é transportada pelos eixos hidráulicos estabelecidos no projeto para um outro reservatório, instalado na parte superior da pedreira, que transforma a matéria orgânica da água, a partir da ação de microrganismos, em compostos inorgânicos. Após essa etapa, a solução nutritiva é distribuída para a plantação hidropônica por meio da gravidade, por tubos de inclinação de 2% e por fim, depois de percorrer toda essa estrutura de plantio, a água é levada novamente ao reservatório natural para ser reutilizada.
A declividade do terreno, com poucos degraus já existentes, necessitou de estruturas anexas para a implantação do projeto, como passarelas metálicas engastadas nas pedras, escadas lineares distribuídas pelas plantações e uma cremalheira, que conformadas pelo próprio relevo da pedreira, organizam fluxos e locomoção dos trabalhadores e dos sistemas cultivados. Ainda no nível A, estão localizados; um espaço para a germinação das plantas, antes de serem levadas para a horta vertical, a enfermaria, um deposito para materiais, os sanitários e uma copa de apoio.
O espaço do nível B, por outro lado, abriga programas divididos em dois núcleos principais, o primeiro engloba atividades como o deposito da produção com pátio de manobras e refeitório. O outro se trata da escola técnica que tem o objetivo de capacitar a população local para produzir e administrar sistemas de cultivo alternativos. O núcleo da escola também possui um eixo de serviços, onde a administração está localizada, por exemplo. O nível B, ainda conta com um amplo pátio destinado a feiras locais, as áreas verdes e um lago natural, para lazer dos funcionários e dos moradores do entorno.
Grupo 34: Carolina Bosio Quinzani, Lucas Biancchi, Luisa Moreno, Luiza Menezes, Maria Clara Van Deursen
Orientador : André Vainer