Se a busca de soluções para os problemas da contemporaneidade reafirma a vinculação entre o fazer e o pensar, entre a ideia e a matéria, como sugere Richard Sennet, onde se situa o trabalho e o trabalhador nesse campo de intensa disputa? Do ponto de vista da construção civil, portanto, indústria esta que movimenta grandes fortunas, grandes quantidades de matéria, de recursos, de terra e de gente, uma reflexão como esta é não só necessária, como urgente e candente. Como alguns dos trabalhos aqui apresentados aqui sugerem, a estratégia técnico-política do mutirão de autogestão instiga uma estratégia coletiva de produção do espaço contra-hierarquização, ou seja, uma alternativa possível frente a grande indústria da construção civil e de fortalecimento dos movimentos de moradia. Dos trabalhos apresentados, a documentação se destaca como forma de dar voz aos movimentos organizados e autogeridos, estimulando e afirmando este modo de produção como alternativa real ao modelo tradicional-capitalista da construção civil, as grandes empreiteiras – núcleos de monumentais escândalos políticos, jurídicos e trabalhistas da contemporaneidade. Em outra esfera, mas alinhada aos princípios da primeira, os trabalhos apresentados propõem formas de capacitar ou de estimular a prática manual e artesanal da autoconstrução, ou mesmo investigam um dos aspectos mais centrais do canteiro de obras: o tapume, objeto este que separa o trabalhador da cidade e oculta o processo de trabalho no canteiro. Nas palavras do grupo, e tomado aqui como mote e intenção geral dos trabalhos: “a ruptura do tapume é um gesto que se propõe a estabelecer relações mais abertas e flexíveis entre obra e cidade”.
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24.10.2017
(41) Vozes da construção
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24.10.2017
(36) Tapume
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24.10.2017
(35) Cadeira Zênite
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24.10.2017
(15) Manual
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24.10.2017
(07) Trabalhador coletivo: de dentro e através do mutirão