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Intervenções e estratégias potenciais

Dentre os trabalhos desenvolvidos no decorrer do semestre, foram diversos os grupos que extrapolaram os limites físicos e/ou conceituais da sala de aula e do ateliê de projeto. Talvez como resposta possível ao próprio tema, “Modos de Fazer, Modos de Pensar”, os grupos de trabalho se demonstram assim conscientes de que a prática do arquiteto, e também do estudante, só tem a ganhar uma vez que este se situe de fato no centro do campo de batalhas do mundo político. Nesse sentido, os trabalhos que dialogam de perto com movimentos sociais, ocupações e coletivos político-culturais organizados, como alguns dos que são apresentados aqui, adquirem uma tônica singular: em suma, o desafio de articular as demandas, os ensejos e desejos, o tempo e o espaço disponível e, principalmente, a relação real, próxima, conflitiva, aflitiva, afetiva e essencialmente construtiva e transformadora com o Outro. Por outro lado, os trabalhos que se situam no centro do campo político de forma mais autônoma não deixam de dialogar também com outrem. Como “fazer o espaço público pensando sob a lógica do gênero feminino, visando entender e consolidar o espaço urbano de uma forma que seja realmente democrática? É uma das instigantes perguntas que surgem a partir de um desses trabalhos. Em outro vértice desse campo de muitos lados, outro trabalho constrói uma plataforma, um jogo de tabuleiro nomeado de Otrório, que simula a construção de um território imaginário, utópico ou distópico, de maneira coletiva e a partir da narrativa dos participantes, dos atores do jogo do mundo, “exercitando a negociação e a criatividade”. Em Otrório, portanto, a relação com o outro, com outros mundos possíveis, se dá através dos seus próprios jogadores, extrapolando mais uma vez a condição enclausurada da sala de aula e potencialmente passando o bastão de construção do território – tarefa do arquiteto por excelência, como alguns gostam de pensar – para outrem. E no centro desse campo multifacetado, em Mostruário, a pergunta rebate no espelho e volta para nós mesmos: “em oposição ao contexto atual onde a arquitetura esvazia-se dos debates correntes e acessíveis ao grande público […] como apresentar trabalhos de arquitetura”?

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