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Peso, tempo e materialidade

Helena Trancoso

Hoje não habitamos o tempo e sim a velocidade. Mergulhados em um excesso de tecnologia e de estímulos visuais, a percepção da passagem do tempo é suspensa. Nossa relação com o entorno é fragmentada e o contato com nossa sensibilidade é deixada de lado para acompanhar a frenética velocidade da vida urbana.

 

Com base em questionamentos teóricos que transitam entre filosofia, fenomenologia da arquitetura e existencialismo; e em um estudo sobre a  produção de arquitetos que evidenciam em suas obras a profundidade que se atinge ao fazer/criar uma arquitetura que leva em cada elemento da sua concepção, uma constante reflexão sobre sua própria essência, o projeto no Morro do Índio – Campo Limpo, parte da intenção de criar através de intervenções arquitetônicas sensíveis e consistentes novas conexões urbanas e pausas durante o percurso projetado que revelem a riqueza já existente no local, estimulando assim uma percepção sensorial da arquitetura que incorpora a passagem livre do tempo e aceita sua própria transformação.

A situação atual do Morro do Índio, local escolhido como área de trabalho devido a sua riqueza espacial e atmosférica, é de extremo abandono e precariedade, e sua beleza, característica desse tipo de ocupação (favela), é oculta pela falta de sensibilidade em ler os ricos elementos espaciais e sensoriais já presentes e em ver o potencial do lugar em se tornar um espaço público de qualidade, fortalecendo as dinâmicas sociais da comunidade, sua identidade e relação dos moradores com o lugar em que vivem.

Um dos objetivo do trabalho de conclusão foi compreender como de fato produzir uma arquitetura consistente, que não só solucione problemáticas concretas e práticas, mas que sirva de exercício ao aprofundar a discussão sobre a arquitetura como disciplina, repensando o papel do arquiteto e sua produção no contexto contemporâneo.

Tendo essas questões presentes ao longo de todo o processo, após a primeira etapa de elaboração do projeto para a conexão urbana no Morro do Índio, (realizada em grupo durante o Estúdio Vertical: Tempo Livre no Campo Limpo) foram elencados 4 eixos de aprofundamento de projeto a serem desenvolvidos durante o trabalho de conclusão de curso: Material, Teoria, Projeto e Produto.

A partir dos 4 eixos norteadores, foram selecionadas 3 variações de cada um deles (diagrama conceitual) com o objetivo de explorar e experimentar diversas soluções projetuais e discussões teóricas presentes no projeto.

A riqueza desse processo foi justamente o entrelaçamento destes eixos e suas variantes, que como um quebra-cabeça, ao serem misturados constantemente, de cada combinação algo novo surgia ou se tornava presente, permitindo assim que a própria arquitetura/projeto se revelasse e tomasse as rédeas do processo.

O desenvolvimento de cada um dos elementos, em suas diversas escalas, teve seu próprio ritmo e sua devida atenção e dedicação. Cada um deles exigiu um tipo de reflexão projetual e representação, e foi necessário sair das propostas e soluções habituais para explorar novas ligações e métodos de pensar e desenvolver o projeto arquitetônico.

O trabalho busca explorar a tectônica e cada material pelo que é, sem enganos, sem superficialidades, assumindo o seu peso, seu tempo e silenciosamente conquistando seu espaço no mundo/entorno.

A intenção não é perceber esses espaços e atmosferas através do intelectual, é o simples sentir. É resgatar a potência da sinceridade, muitas vezes perdida, base da relação entre arquitetura e indivíduo.

É através da experiência da arquitetura que surge a reflexão e o entendimento/sentimento de pertencer a um lugar. Como toda expressão artística, um dos elementos que a caracteriza é sua potência transformadora e sua capacidade de ampliar nossa visão do mundo e de nossa própria existência.

Se apropriar do espaço, se estabelecer num lugar é o primeiro passo para criar um “peso” existencial, e a Arquitetura, é a ferramenta.

 

Este trabalho está dividido em duas partes, a primeira delas é referente ao trabalho desenvolvido em grupo durante o Estúdio Vertical : Tempo Livre no Campo Limpo que ocorreu no primeiro semestre do ano de 2015. Já a segunda parte foi desenvolvida individualmente em paralelo ao E.V. e aprofundada durante o último semestre do mesmo ano como trabalho de conclusão de curso.

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