29.05.2017 _ Trabalho, terra e globalização: desafios nas fronteiras energéticas. PRODUÇÃO DE ENERGIA HIDRELÉTRICA NA AMAZÔNIA E O TRABALHO DEGRADADO José Alves A Amazônia brasileira, historicamente, tem sido uma região de intensos processos de apropriação de suas riquezas naturais pelo capital nacional e internacional, gerando genocídio, migrações, desterritorializações e impactos nos territórios indígenas, ribeirinhos, extrativistas, camponeses e em áreas urbanas. Os grandes projetos na região têm sido a tônica da recente fase de desenvolvimento nacional, como o Complexos Hidrelétrico Madeira com as usinas hidrelétricas (UHE) de Jirau e Santo Antônio. Nossa tese de doutorado (ALVES, 2014), base para as reflexões ora apresentada, permitiu adentrar no tema da mobilidade do trabalho para estas grandes obras, compreendendo os intensos processos de exploração e degradação decorrentes das formas de organização do trabalho empregadas. O problema norteador da investigação constituiu-se em evidenciar qual o papel da Amazônia na produção de energia hidrelétrica, bem como quais mediações e formas de controle do trabalho são mantidas entre capital, trabalho e Estado para a construção desses empreendimentos. Partiu-se da hipótese de que as revoltas de trabalhadores ocorridas na UHE de Jirau, nos anos de 2011 e 2012, seriam a expressão territorial da neobarbárie evidenciada com o projeto do “Novo Desenvolvimentismo”, via o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de (re)incorporação da Amazônia como a nova/velha fronteira hidroelétrica. Sob esse recorte espaço-temporal, a análise foca os processos de mercantilização da natureza, via corpos hídricos, em recursos para a geração de energia hidrelétrica transmutando-os em territórios do hidronegócio-energético, bem como, no intenso mecanismo de precarização do trabalho na fase de construção dos grandes empreendimentos barrageiros. O desvendamento das tramas de relações que constituem a base de produção do espaço, da mobilidade do trabalho e do capital, da superexploração e degradação do trabalho são ancoradas na pesquisa qualitativa e na Geografia do trabalho.