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15.05.2017
Vícios e virtudes dos mutirões autogeridos
Por Ícaro Vilaça
A Usina CTAH organizou, em outubro de 2004, um seminário na FAU USP com o propósito de debater experiências de produção de moradias por mutirão e autogestão em São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza que vinham sendo estudadas pela assessoria. -
15.05.2017
Desenho e canteiro no mutirão autogerido: o caso do COPROMO
Por Ícaro Vilaça
Como vimos anteriormente, a racionalidade do canteiro – tanto nos processos produtivos quanto nas atividades relacionadas à gestão da obra por parte dos mutirantes – era vista pelos arquitetos da Usina CTAH como uma condição para a superação das violentas condições de produção existentes na construção civil. O caso do COPROMO – conjunto de mil unidades habitacionais construído em Osasco – é paradigmático e ajuda a iluminar alguns dos limites e das possibilidades do mutirão autogerido. Logo depois de um acordo com a Prefeitura – que garantiu a doação de 54 mil m2 para o COPROMO –, a Associação Por Moradia de Osasco passou a centrar esforços na negociação de um financiamento junto à CDHU para viabilizar a construção do conjunto e, mesmo sem garantias de que conseguiria obter o financiamento, decidiu arcar com todos os custos referentes ao desenvolvimento do projeto executivo pela Usina. No segundo semestre de 1992, enquanto as negociações com a CDHU se arrastavam, a Associação resolveu dar início às obras de oito edifícios com recursos próprios – ainda que não houvesse dinheiro suficiente para terminar essa primeira etapa da obra. A assessoria técnica apoiou a decisão e começou a se dedicar à realização de um processo de formação com os trabalhadores. -
06.02.2017
Arquitetura, política e autogestão: um comentário sobre os mutirões habitacionais
Por Ícaro Vilaça
Neste texto, publicado originalmente na revista Urbânia 3 (São Paulo: Editora Pressa, 2008), os associados da Usina CTAH procuraram estabelecer o contexto histórico e alguns pressupostos importantes a respeito dos mutirões habitacionais e da autogestão praticada pelos movimentos populares no Brasil, procurando divulgar essas experiências – e as problemáticas associadas a elas – para um público mais amplo. -
30.11.2016
A formação política por meio do trabalho no canteiro
Por Ícaro Vilaça
A arquiteta e urbanista Isadora Guerreiro foi convidada pela editoria Trabalho e Arquitetura para escrever sobre o trabalho na construção civil como meio para a formação política dos trabalhadores, um dos temas que vêm sendo investigados por ela em sua tese de doutorado. Para tanto, Isadora desenvolve suas reflexões a partir de duas perspectivas contra-hegemônicas distintas: a construção da Escola Nacional Florestan Fernandes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a produção autogestionária realizada pela União dos Movimentos de Moradia (UMM) desde a década de 80. Arquiteta e urbanista formada na FAU USP, Isadora Guerreiro trabalhou junto a movimentos populares de luta pela moradia em São Paulo desde seu ingresso na graduação. Ingressou na Usina CTAH em 2005, onde desenvolveu atividades de formação política ligada ao urbano como parte dos esforços dos moradores da Favela Jardim Panorama em resistir ao enfrentamento com o Shopping Cidade Jardim, vizinho à comunidade. Entre 2006 e 2012, acompanhou todo o processo de projeto, aprovação e execução de obra da Comuna Urbana Dom Hélder Câmara, primeiro empreendimento urbano do MST em Jandira (SP). Depois disso, fez parte da equipe de projeto para a Associação Piquiá de Baixo, em Açailândia (MA). Integrou a coordenação da Usina CTAH entre 2008 e 2013, primeiro como coordenadora financeira (2008-2011) e depois como coordenadora geral (2012-2013). Afastou-se das atividades cotidianas da assessoria em 2014, para se dedicar ao doutorado e ao ensino. -
28.11.2016
O projeto do canteiro: notas sobre as primeiras experiências da Usina CTAH
Por Ícaro Vilaça
Como vimos anteriormente , o FUNAPS Comunitário criou as condições para a constituição jurídica de diversas entidades de assessoria técnica, que passaram a atuar não apenas na cidade de São Paulo, mas em outros municípios de sua região metropolitana. Em 1990 seria fundada uma das mais promissoras assessorias técnicas a movimentos populares estabelecidas naquele contexto: a Usina - Centro de Trabalhos para o Ambiente Habitado (Usina CTAH) – em cuja trajetória iremos nos deter com maior atenção a partir de agora. Alguns dos fundadores da Usina CTAH trabalharam no Laboratório de Habitação da Unicamp até 1989. A partir daí, avaliaram a possibilidade de constituir uma estrutura própria independente da universidade, que garantisse a eles maior autonomia e ao mesmo tempo permitisse continuar tratando do problema da moradia junto aos movimentos populares. -
13.10.2016
Os primeiros mutirões autogeridos e a constituição das assessorias técnicas
Por Ícaro Vilaça
Na primeira metade dos anos 80, o regime militar, enfraquecido pela persistência de uma crise econômica que combinava recessão e altos índices de inflação, iniciou um processo de abertura que teve como marcos iniciais a promulgação da Lei de Anistia (1979) e o fim do bipartidarismo (1980), medidas que favoreceram a emergência de novos atores políticos que já se anunciavam no final dos anos 70: na esfera do trabalho, o novo sindicalismo e na esfera da cidadania, os novos movimentos sociais urbanos que lutavam por moradia, saneamento e transporte, contando com o importante apoio das Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica. -
28.09.2016
Arquitetura e participação: experiências críticas ou alternativas pioneiras
Por Ícaro Vilaça
Diversos especialistas em teoria política apontam que, a partir da segunda metade do século XX, com o fortalecimento e a diversificação dos movimentos sociais que ocorreram na maior parte dos países ocidentais, a democracia entrou numa nova fase – considerada pós-representativa, monitória ou simplesmente participativa. John Keane ressalta que este processo de transição ainda está em curso e afirma que esta nova variedade política se define pelo rápido crescimento de diferentes mecanismos voltados para o exercício do controle social, colocando governos em permanente alerta, na medida em que questionam sua autoridade e os forçam a mudar suas agendas. -
14.09.2016
A violência no canteiro e o apagamento do trabalho na história da arquitetura
Por Ícaro Vilaça
Os trabalhadores do Terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos ganharam visibilidade quando as condições extremas de exploração a que estavam submetidos foram denunciadas. De outra forma, dificilmente ouviríamos falar deles. Em geral, aqueles que detêm o poder prescritivo também detêm o monopólio da autoria – e a história hegemônica da arquitetura, desinteressada pelo canteiro, acaba reforçando o apagamento do trabalho. É com base nesse silêncio que as violentas condições de produção da arquitetura se perpetuam.
No ensaio Um ponto cego no projeto moderno de Jürgen Habermas: arquitetura e dimensão estética depois das vanguardas, Otília e Paulo Arantes estabeleceram um argumento importante a respeito da experiência de Brasília. Em oposição ao discurso que minimizava os descompassos entre a racionalidade pretendida pelos arquitetos e a base social e produtiva brasileira, os autores afirmam categoricamente que estas incongruências não eram equívocos sem maior significado e que foram justamente as condições de exploração do trabalho da periferia do capitalismo que permitiram que o projeto moderno se desenrolasse ao pé da letra.De qualquer forma, foram necessárias mais de duas décadas desde a inauguração de Brasília para que suas violentas condições de produção – absolutamente compatíveis com a definição contemporânea de trabalho escravo – viessem à tona em trabalhos como o livro Construtores de Brasília, da socióloga Nair Bicalho de Souza (Petrópolis: Vozes, 1983) ou o filme Conterrâneos velhos de Guerra, de Vladimir Carvalho. Este longo silêncio nos obriga a olhar criticamente para a historiografia da arquitetura e nos faz supor que a permanência dessas condições de trabalho na contemporaneidade não pode prescindir do seu devido apagamento.
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Pesquisa sobre trabalho e migração na construção civil
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14.09.2016
Trabalho e Arquitetura