As imagens às quais atribuímos a carga de tratar de nosso escravismo parecem desempenhar papel central no jogo ideológico que sustenta seus desdobramentos contemporâneosa nós, principalmente por meio da manutenção da sensação de um afastamento de nossoo passado , “tempos idos” em que escravizávamos uns aos outros.
Se eEsta editoria não oferece nascedeumestudo aprofundado de imagens específicas que recebem esta categorização ou de um determinado acervo relativo ao tema, p. Pretende ordenar certos apontamentos iniciais, enquanto investigação que nasce de questões disparadas no contato com a diversidade de conteúdos e pesquisas desenvolvidas no âmbito do Contracondutas, projeto desenhado em torno do tema do trabalho similar ao escravo, e construído também este a partir de um pretexto, um disparo : um caso especifico de exploração do trabalho que nos chega como uma narrativa de muitos personagens (contornados por um número emblemático como 111) que pouco participam de sua própria representação narrativa desde o ocorrido.
Seria ingênuo crer que, por trás de todas estas vozes, uma versão original ou mais verdadeira desta narrativa aguarda silenciosa para ser descoberta. A ação politico pedagógica que reage neste caso a uma demanda jurídica evolui de modo a enredar-se e multiplicar os nexos deste enredo. Representar, editar, reconfigurar o que nos era narrado pelo discurso jurídico Simboliza-lo era inevitável para que se criassem reflexões sobre este caso específico de exploração do trabalho, mas o verdadeiro desafio talvez seja representá-lo a partir das vozes envolvidas e não apesar delas.
A escrita deste desdobramento do projeto nasce de uma escuta leiga, embora interessada, de diversos especialistas responsáveis por suas disciplinas que oferecem pistas e fragmentos a serem articulados, postos em movimento, como numa cinemática da qual fazemos parte e de que somos inevitavelmente autores. Uma editoria em primeira pessoa.