O projeto a seguir foi apresentado no curso de Pós-graduação lato sensu “Habitação e Cidade” (da Escola da Cidade), em sua edição de 2015, tendo sido elaborado pela equipe de alunos Claudia Muniz, Fernando Fayet, Hideki Yamamoto, Lucas Ferreira, Pedro Hirata, Ricardo Pirondi e Valquíria Ramos, e desenvolvido no módulo sobre os bairros precários, com atenção ao Jardim Cumbica II, localizado no município de Guarulhos – SP.
A partir das aulas ministradas neste módulo, abordando os conceitos para leitura das diversas escalas de planejamento e desenvolvimento de projetos urbanos, aprofundadas com as informações coletadas na visita técnica ao Jardim Cumbica foi possível identificar as precariedades de infraestrutura do bairro, considerando a existência dos equipamentos de atendimento ao público nas áreas de educação, saúde, lazer e mobilidade da região, levantando os pontos e paradas de ônibus, conexões viárias principais e transposição mais próxima à Rodovia Dutra, barreira importante na inserção urbana do assentamento com o entorno.
Adentrando ao Jardim Cumbica II, as questões que nortearam o desenvolvimento do plano (Masterplan) e projeto urbano tiveram como relevância a unidade territorial das sub-bacias, o caminhamento das águas formadas por três córregos principais que deságuam no rio Tietê, que foram ocupados por moradias precárias em suas margens, obstruindo os cursos naturais, agravados com os depósitos de lixos e contribuições de esgotos a céu aberto, gerando situações de riscos nas edificações, sendo estes de escorregamentos das margens e inundação na região.
As remoções dos domicílios passaram por uma análise criteriosa, pois a partir da retirada das moradias em situações com grau de vulnerabilidade distintas foi possível estabelecer as novas condições de projeto de infraestrutura urbana e implantação de novas unidades habitacionais, levando-se em conta também, as potencialidades do bairro como um todo e sua inserção no território.
O mérito deste plano e projeto foi costurar, redesenhar a infraestrutura proposta, adequando as situações preexistente, às novas condições de projeto, respeitando a escala do local, à proposição das novas unidades, observando o gabarito das edificações e criando conexões importantes para o assentamento. Para a etapa seguinte de obras foi proposta a confecção de peças pré-moldadas, “módulos construtivos” que serão utilizados na implantação das redes de drenagem e ocupação das áreas de lazer nas margens dos córregos.
E por fim, os blocos dos novos edifícios foram inseridos na paisagem com a devida delicadeza e conhecimento técnico que as diversas situações exigem, proporcionando manter as famílias que tiveram seus domicílios removidos no local, eixo importante do trabalho, no qual considera como prioritário, o bom atendimento aos moradores, a permanência dos laços e redes sociais estabelecidas entre eles. São ao todo 325 remoções de domicílios e implantação de 340 novas unidades habitacionais.
De forma acertada, o plano e projeto reconhecem as condições do bairro existente versus a nova condição indissociável do desenho da infraestrutura e das novas edificações.