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14.08.2016

Um filme que reflete questões relativas ao trabalho análogo ao escravo

Raquel Garbelotti

Pretendo em este projeto para o Contracondutas, realizar um filme que reflita no campo do simbólico questões relativas ao problema apresentado para a pesquisa: Trabalho escravo ou análogo, pelo estudo THYN de caso do ocorrido no Terminal de Guarulhos / SP.

Simulacro e filme: Mise-en-scéne
A palavra Misé-en-scéne significa : Jogo de cena; jogo para a plateia; representar falsamente uma situação. Palavra utilizada no cinema para tratar daquilo que se apresenta na cena do filme. O termo me pareceu pertinente, tanto para as questões de representação dadas pela maquete, quanto pela ideia de algo relativo àCondução dos trabalhadores: a situação de trabalho análogo ao de escravo.
Mise-en-scéne pode referir-se ao trato enganador da empresa contratante, às falsas promessas de trabalho sério e justo na cidade grande e a falta de compromisso e vínculo humano com esses trabalhadores: tratados como estoque de mão de obra, objetificados.

O Filme
Pretendo realizar maquetes físicas dos espaços de moradia ou alojamentos dos trabalhadores resgatados no Caso do Terminal de Guarulhos. Este projeto prevê a ida aos locais de alojamento/moradia dos trabalhadores, afim de realizar um contato com esses lugares. Pretende-se documentá-los e fazer medições.Os alojamentos situavam-se nas comunidades do município de Guarulhos a um quilômetro das obras do Terminal:
Casa da Rua Airton Ferreira Mendes, 86.Casa na Rua Maria Esínola 1-A.
Casa na Rua José de Melo, 176 – Fundos.
Casa da Rua São Sebastião D Oeste, 109 – Fundos. Casa da Rua Mercial Lourenço 631.
Produzidas as maquetes dos espaços, trabalharei com a Produtora Pique Bandeira a filmagem da luz, correspondente as 24 horas do dia em várias tomadas dos espaços. A luz aqui refere-se a abertura e a instauração da dimensão externa à arquitetura de confinamento destes alojamentos. A luz também pode ser pensada como elemento questionador das ordens ou hierarquiasespaciais e de controle.
O elemento da luz, bastante tratado nas obras do artista Gordon Matta-Clark nos anos 1970, advinha do espaço externo das habitações cortadas, era o significante de liberdade e de possibilidade de ruptura dos limites que confinam o corpo a um determinado espaço – o da propriedade. O artista trabalhou no universo da desconstrução de normas, bem como na produção de espaços alternativos para a cidade. Esta problemática espacial incitada pela luz, pode ser transposta também para o conceito explorado por este projeto, proposto pela Escola da Cidade – Contracondutas(Foucault).
Pretendo gravar o filme com o auxilio de um planetarista. Acrescento a este pré-projeto algumas imagens filmadas no Planetário da UFES, afim de testar as possibilidades de documentação da luz sobre uma maquete, simulando a passagem da luz durante 24 horas do dia.

Objetivo
Elaboração de um filme que discuta o caso de Trabalho escravo no Terminal de Guarulhos em SP.
Produção de formas de visualidade de processos discursivos pela metodologia site-specific / site-specificitye filme.
Produção de conhecimento para diversas áreas de saberes e sua contribuição para políticas de cidadania e politização da Arte.

Metodologia
A metodologia do projeto entende e apropria-se da formulação de site-specific / site-specificity – tendência da produção contemporânea de se voltar para o espaço incorporando-o à obra e/ou transformando-o – e se propões a fazer um trabalho de imersão no espaço em que ocorreu o caso.
A primeira fase do projeto prevê o trabalho em campo, coleta de material visual e textual sobre o caso em estudo.A segunda fase será a de produção de um filme sobre as questões do caso.
Na terceira fase ocorrerá a publicação e apresentação do material previsto pela Escola da Cidade (SP).

Eixo conceitual do projeto
Para pensar este projeto me ative sobretudo ao ponto 23 do artigo V do processo do Ministério Público do Trabalho e Emprego, aquele que relata a relação dos autos de Infração lavrados, cometidos contra os trabalhadores que estavam em condição análoga a de Escravos.
23 201786974 1242210 Manter alojamentos com nível de iluminação inferior a 100 lux. (Art. 157, inciso I, da CLT, C/C item 24.5.28, alínea “a”, da NR 24, com Redação na Portaria no. 3.214/ 1978).
Por se tratar – A LUZ – de um pressuposto tão elementar nas condições de moradia, me interessei por explorá-la como metáfora da mínima condição de subsistência humana.
Procurei, portanto, trabalhar por subtração – a Luz seria o mais elementar na adequação as boas condições de moradia. Este elemento se enquadrava nos autos de infração cometidos contra os trabalhadores. Pensei ser este um elemento que resumiria o drama vivido na narrativa interna desta história. A luz no cinema também produz os conteúdos de dramaticidade da cena e pode ser um elemento de extrema importância na construção de uma imagem, ou narrativa.

Referências
ARANTES, Otília. O Lugar da Arquitetura depois da Modernidade. Edusp, São BOURRIAUD, Nicolas. Pós-produção. Como a Arte Reprograma o Mundo Contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
CANDIOTTO, C. “Foucault: Uma História Crítica da Verdade”. In: Trans/Form/Ação 29 (2). São Paulo, 2006
CORBEIRA, Dario. Construir … o desconstruir? textos sobre Gordon Mattaclark. EdiccionesUniversidad de Salamanca, 2000.
DELEUZE, Gilles. A Imagem-Tempo. Editora Brasiliense. São Paulo. 2005.
DEUTSCHE, Rosalyn. A Arte de ser testemunha na esfera pública em tempos de guerra. Ver: Forum Permanente: http://www.forumpermanente.org/event_pres/exposicoes/arte-contemporaneo- arco/documentacao/relatos/relato-ciclo-iii-conferencia-1-a-arte-de-ser-testemunha-na-esfera-publica-em- tempos-de-guerra
FOUCAULT, M. Segurança, território, população. : curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
____________. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, H. L.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: (para além do estruturalismo e da hermenêutica). Tradução de Vera Portocarrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
____________. Microfísica do poder. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro : Ed. Graal, 1996. ____________. Vigiar e Punir : nascimento da prisão. Trad. Lígia Vassallo. Petrópolis : Vozes, 2008. ____________. O Governo de Si e dos Outros. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
TARKOVSKII, ANDREI ARSENEVICH. Esculpir o Tempo. Martins Fontes Editora. São Paulo.1998.

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