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Contra
Condutas

Pesquisa sobre trabalho e migração na construção civil

Pesquisa sobre trabalho e migração na construção civil

20.03.2017

Trabalho como vício, preguiça como virtude: uma reflexão sobre os limites das “boas práticas” no canteiro de obras

Sabrina Duran

Em meados de janeiro desse ano, Ana Tranchesi e Isabela Assad viajaram 2.500 km entre a capital paulista e Petrolândia, interior de Pernambuco, para fazer uma pergunta: o que significa Trabalho – com maiúscula – para alguns dos 38 trabalhadores que, em agosto de 2013, percorreram a mesma distância num ônibus capenga a fim de trabalhar nas obras de ampliação do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. A pergunta orienta a intervenção pública Centoeonze, de Ana e Isabela – arquiteta e artista, respectivamente – que procura discutir diferentes aspectos do trabalho a partir do flagrante de exploração, pela construtora OAS, de mão de obra análoga à escrava no canteiro de obras do aeroporto de Guarulhos. Os trabalhadores que Ana e Isabela foram encontrar em Petrolândia estavam entre os 111 explorados resgatados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em setembro de 2013.

Como primeira ponte estendida em direção ao desconhecido, Ana e Isabela apresentaram aos seus entrevistados um documentário gravado lá mesmo, em Petrolândia, no âmbito do projeto Contracondutas, sobre alguns dos trabalhadores resgatados. A partir das conversas sobre o filme e o que ele apresentava, a dupla entrou na vida dos locais e também foi atravessada por ela. Ao longo de 15 dias, entre conversas individuais e coletivas com os entrevistados e seus familiares, Ana e Isabela conheceram e discutiram as vivências do universo daqueles trabalhadores. Quando a pergunta “O que é Trabalho para você?” foi feita de forma direta, explícita, as respostas se repetiram dentro de uma perspectiva positiva do que significa trabalhar. “Trabalho é tudo; todo mundo trabalha porque precisa; o trabalho é minha forma de exercitar, de construir; é a nascente do homem“, cita Ana, relembrando algumas das frases que ouviu.

No entanto, quando a pergunta foi feita de forma indireta, diluída em reflexões sobre a vida e o dia a dia de cada um, as respostas foram de outra natureza. Ao modo das palavras geradoras da pedagogia do educador Paulo Freire, Ana e Isabela propuseram aos entrevistados escolher e discutir algumas palavras a partir do que eles mais repetiam acerca do trabalho. A primeira palavra que escolheram foi escravidão, além de luta, ferramenta e conflito. Sobre escravidão, alguns entrevistados a descreveram a partir de realidades concretas, como a da empregada doméstica que é paga para executar um determinado serviço e, na hora de ir embora, é constrangida a realizar tarefas não previstas; ou como a realidade do pedreiro pago para construir uma parede e, quando menos espera, vê-se obrigado a fazer também, sem receber, um rodapé que não estava no acordo. “A discussão sobre trabalho sempre vinha acompanhada de uma história vivida, de uma obra da qual um trabalhador participou e pela qual não recebeu, e, ao reivindicar o salário, foi despedido“, diz Isabela.

Ainda sobre o trabalho, a dupla ouviu relatos de marcas profundas deixadas em algumas das vítimas da OAS no caso de exploração de Trabalho escravo no aeroporto de Guarulhos em 2013. “Há trabalhadores que ainda não foram indenizados. Dois deles estavam meio assustados ainda, porque as informações nunca chegam completas para eles, não sabem em quem confiar. Tem um que está muito triste, frustrado, parece que está aprisionado. Ele era encarregado de obras, amava o que fazia, mas essa história causou uma mudança muito grande não só na vida profissional como na pessoal, porque como ele levou muitos amigos [para o trabalho em Guarulhos] acabaram achando que ele tinha parte nisso. Hoje ele trabalha consertando TV, eletrodomésticos. Alguns não conseguem mais trabalhar porque sempre que vão fichar nas obras não são aceitos. Um deles disse que era por causa do processo judicial [contra a OAS], como se estivessem com a ‘ficha suja’ para outras obras”, relatam Ana e Isabela.

O trabalho da dupla será transformado em um site até maio deste ano, com imagens, textos, trechos de transcrições das entrevistas feitas com os trabalhadores, além de uma intervenção pública no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Questionadas se consideravam a si mesmas trabalhadoras “exploráveis”, modularam a resposta a partir dos privilégios sociais que reconhecem em si mesmas. Não são exploráveis no mesmo gênero e grau que os trabalhadores entrevistados em Petrolândia, certamente. Mas cientes da natureza espoliativa do capitalismo, são obrigadas a reconhecer em si mesmas, enquanto mercadoria mão de obra, que sim, são exploráveis.

Boas práticas na exploração?

A ideia original desta sexta e última reportagem da série produzida para o Contracondutas era apurar exemplos de boas práticas construtivas e trabalhistas no canteiro de obras, um contraponto possível às condições que engendram o Trabalho escravo. O tema foi escolhido a partir do vislumbre do que seria um conjunto coeso de reportagens que abordasse o tema do Trabalho escravo na construção civil em distintas perspectivas: as estruturas da produção capitalista que atravessam o canteiro 1, nexos entre escravidão colonial e escravidão contemporânea na construção civil 2 o papel dos arquitetos na redução ou aumento da violência no canteiro 3, as relações entre precarização do trabalho e aumento dos lucros na produção da cidade-empresa neoliberal 4 5, a normalização discursiva e legal da exploração dos corpos no canteiro 6 e, por fim, um horizonte de boas práticas como forma de superar a violência estrutural presente na construção civil. Após a produção e publicação das cinco primeiras reportagens, com dezenas de entrevistas realizadas, centenas de páginas bibliográficas pesquisadas e milhares de linhas e caracteres de reflexão escritos, questionamo-nos se fazia sentido falar de boas práticas em um setor que, cada vez mais, faz da exploração da mão de obra precária e descartável um dos principais vetores de extração de lucro. E mais: questionamo-nos se era factível cogitar que boas práticas pudessem ter algum efeito transformador das estruturas capitalistas, cuja gênese é a espoliação. Não se trata de pessimismo, mas da consciência de que para um problema estrutural, não cabem checklists de boas práticas pontuais que tratem apenas sintomas na superfície.

Até onde pudemos apurar a partir dos fatos e bibliografias levantados neste projeto, o Trabalho escravo na construção civil, embora não se apresente como um método racionalizado e generalizado, também não parece ser um desvio fortuito nos casos em que acontece. Por um lado, o Trabalho escravo na construção civil surge como a agudização da exploração capitalista, a qual, sempre que encontra limites legais, não se constrange em ultrapassá-los. Por outro, essa agudização da exploração que tantas vezes recorre à ilegalidade para se efetivar, encontra suas raízes e métodos no histórico escravagista do Brasil, desde o aliciamento de trabalhadores em regiões empobrecidas à limitação da mobilidade e liberdade sem o uso de grilhões. Não por acaso, negros, pobres e mesmo indígenas continuam sendo algumas das principais vítimas da escravidão contemporânea.

Portanto, diante da percepção de que seria ilógico falar de boas práticas em um contexto estrutural de exploração e violência, pensamos que caberia, como desfecho desta série de reportagens, uma breve reflexão sobre o próprio sentido do trabalho e sua noção moderna como vínculo de integração social. Fomos a um canteiro de obras na região central de São Paulo – um canteiro gerido por uma construtora que preza pelas boas práticas – e conversamos com alguns trabalhadores sobre as atividades que desenvolviam no momento da entrevista. O objetivo era, como na dinâmica desenvolvida por Ana Tranchesi e Isabela Assad com os trabalhadores de Petrolândia, descobrir quais narrativas e palavras se repetiam, e colocá-las em perspectiva com as reflexões sobre trabalho como vínculo social.

Não pretendemos responder a nenhuma questão complexa e nem que as ideias expostas sejam totalizantes. São reflexões abertas, das quais talvez surjam outras reflexões sobre a força ideológica e material do que significa o trabalho e o ato de trabalhar, uma força capaz de manter cativos, por décadas a fio, corpos e mentes que trabalham em busca da liberdade de, um dia, talvez não precisarem mais trabalhar.

“Não é curioso, porém, que o desprezo pela preguiça e a extrema valorização do trabalho possam existir numa sociedade que não desconhece a maldição que recai sobre o trabalho, visto que trabalhar é castigo divino e não virtude do livre-arbítrio humano? Aliás, a ideia do trabalho como desonra e degradação não é exclusiva da tradição judaico-cristã. Essa ideia aparece em quase todos os mitos que narram a origem das sociedades humanas como efeito de um crime cuja punição será a necessidade de trabalhar para viver. Ela também aparece nas sociedades escravistas antigas, como a grega e a romana, cujos poetas e filósofos não se cansam de proclamar o ócio um valor indispensável para a vida livre e feliz, para o exercício da nobre atividade da política, para o cultivo do espírito (pelas letras, artes e ciências) e para o cuidado com o vigor e a beleza do corpo (pela ginástica, dança e arte militar), vendo o trabalho como pena que cabe aos escravos e desonra que cai sobre homens livres pobres. (…) É significativo, por exemplo, que nas línguas dessas duas sociedades não exista a palavra ‘trabalho’. Os vocábulos ergon (em grego) e opus (em latim), referem-se às obras produzidas e não à atividade de produzi-las. (…) Enfim, não é demais lembrar que a palavra latina que dá origem ao nosso vocábulo ‘trabalho’ é tripalium, instrumento de tortura para empalar escravos rebeldes e derivada de palus, estaca, poste onde se empalam os condenados. E labor (em latim), significa esforço penoso, dobrar-se sob o peso de uma carga, dor, sofrimento, pena e fadiga. (…) Donde nossa indagação: como e quando o horror pelo trabalho transformou-se no seu contrário? Quando as palavras honestus e honestiores deixaram de significar os homens livres e passaram a significar o negociante que paga suas dívidas? Quando e por que se passou ao elogio do trabalho como virtude e se viu no elogio do ócio o convite ao vício, impondo-se negá-lo pelo neg-ócio?”.7

Trabalho, uma invenção

O “trabalho”, tal como o conhecemos hoje, “é uma invenção da modernidade”, especificamente do capitalismo industrial, escreveu o filósofo André Gorz.8 O sentido do trabalho dado pela modernidade não corresponde às tarefas que realizamos para garantir a reprodução da vida. O que consideramos trabalho hoje é a “atividade que se realiza na esfera pública, solicitada, definida e reconhecida útil por outros além de nós e, a este título, remunerada. É pelo trabalho remunerado (mais particularmente, pelo trabalho assalariado) que pertencemos à esfera pública, adquirimos uma existência e uma identidade sociais (isto é, uma ‘profissão’), inserimo-nos em uma rede de relações e de intercâmbios, em que a outros somos equiparados e sobre os quais vemos conferidos certos direitos, em troca de certos deveres. O trabalho socialmente remunerado e determinado – mesmo para aqueles e aquelas que o procuram, para aqueles que a ele se preparam ou para aqueles a quem falta trabalho – é, de longe, o fator mais importante de socialização”, explica Gorz.

A força da definição dada ao trabalho na era industrial está justamente na sua existência como vínculo de socialização e, portanto, como algo bom em si mesmo, como virtude. Antes da modernidade, porém, o trabalho, entendido como as tarefas realizadas para a reprodução da vida, era fator de exclusão e diminuição para quem quer que o executasse. “Como demonstra Hannah Arendt9 (…) o trabalho necessário à satisfação das necessidades vitais era, na Antiguidade, uma ocupação servil, que excluía da cidadania (isto é, da participação na Cidade) aquelas e aqueles que o realizavam. O trabalho era indigno do cidadão, não porque fosse reservado às mulheres e aos escravos, mas, ao contrário, era reservado às mulheres e aos escravos porque ‘trabalhar era sujeitar-se à necessidade’”.

Trabalhador de Petrolândia 1

“Então é o seguinte: tá decidido e tá claro e tá visto e tá provado. Nunca acabou a escravidão aqui no Brasil, nunca acabou, nunca. Tá assinado. É a maior realidade de todas as histórias”.

Trabalhador de Petrolândia 2

“Trabalho é a sobrevivência do trabalhador. Não tem outra explicação”.

Racionalidade, controle, previsibilidade e lucro

Até o século XVIII, havia uma importante diferença entre trabalhadores e artesãos. Os primeiros eram os servos e trabalhadores por jornada que realizavam tarefas necessárias à reprodução e manutenção da vida. Já os artesãos fabricavam produtos duradouros, acumuláveis, e muitas vezes contavam com a mão de obra dos trabalhadores para as tarefas mais penosas ou menos qualificadas. Os artesãos recebiam pela obra, enquanto os trabalhadores recebiam pelas atividades.

Ainda não havia a racionalidade econômica sobre a produção e circulação de mercadorias que chegaria com o capitalismo industrial a partir de fins do século XVIII e início do XIX. Tal racionalidade era necessária para permitir que o custo do trabalho fosse previsível e calculável, tanto quanto o preço das mercadorias para, assim, calcular e definir uma margem de lucro que interessasse aos donos dos meios de produção. Para tanto, uma das primeiras variáveis a ser controlada era o próprio trabalhador, que passou a ser quantificável a partir de seu rendimento, independentemente da sua individualidade, subjetividade e vontade: ele era, para o patrão, pura força de trabalho. “A organização científica do trabalho industrial constituiu o esforço constante para distinguir o trabalho, categoria econômica quantificável, da pessoa viva do trabalhador. O esforço, de início, assumiu a forma de uma mecanização, não do trabalho, mas do próprio trabalhador: isto é, uma forma de coerção ao rendimento, pela imposição de ritmos ou cadências. O salário por rendimento, afinal a forma economicamente mais racional, revelou-se originalmente impraticável. Pois, para os operários dos fins do século XVIII, o ‘trabalho’ era uma habilidade intuitiva, integrada a um ritmo de vida ancestral, e ninguém teria tido a ideia de intensificar e prolongar seu esforço com o intuito de ganhar mais”, explica Gorz. Citando Weber, ele diz: “o operário não perguntava: quanto posso ganhar por dia se forneço o máximo de trabalho possível? Sua questão era: quanto devo trabalhar para ganhar os 2,50 marcos que recebo hoje e que garantem minhas necessidades corriqueiras?”.10

O capitalismo industrial enfrentou grandes dificuldades para impor essa nova racionalidade aos trabalhadores, que se recusaram, no princípio, a cumprir expediente integral nas fábricas. Acusados de preguiçosos e insolentes, receberam o troco da burguesia na forma de salários cada vez mais baixos que os obrigavam, então, a trabalhar mais a fim de receber o suficiente para garantir o próprio sustento. Com o tempo, também foram criadas novas necessidades de consumo que, pelo viés do desejo, foram engendrando nos trabalhadores a vontade de se dedicarem mais à atividade remunerada a fim de poder satisfazer essas novas necessidades. Por fim, para aqueles mais resistentes aos constrangimentos do novo modo de produção capitalista industrial, foram criadas leis que puniam a “vadiagem”, o ócio e a preguiça. O Brasil ainda tem em vigor, no artigo 59 da Lei das Contravenções Penais11, de 1941, o que ficou conhecida como “lei da vadiagem”, assim descrita: “entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação ilícita”. A pena é de prisão e varia de 15 dias a três meses.

Trabalhador de Petrolândia 3

“Quando a palavra é chamada trabalho, já é, está significado uma responsabilidade de todos os habitantes do mundo, do país, do mundo. Trabalho é uma coisa se referindo desde a nascente da pessoa até o final. Trabalho é uma coisa durante. Para todo mundo ele é muito importante para aquilo, para aqueles, principalmente que tem responsabilidade do que faz, daquilo que é, daquilo que quer ser. E existe três palavras: exercer, saber e ser. Isso, cada frase dessa aí, são trabalhos. Grande. Exercer, entender, saber e ser é uma coisa que… entender: você está trabalhando, fazendo aquilo que você tá entendendo. Você entende e tá fazendo aquilo com grande responsabilidade. Saber: porque você já está sabendo, já tá fazendo aquilo porque já tá sabendo o que é que vai ser. Enfim… entender, saber e ser: é aquilo que você é. Extremamente, uma figura muito responsável, uma figura muito importante para o Brasil e para o mundo, pessoas que quer uma coisa de fé, de letra. De capacidade. Uma pessoa responsável”.

Trabalhador de Petrolândia 4

“Trabalho é o modo de a gente construir”.

Segundo André Gorz, a racionalização do trabalho a partir do capitalismo industrial extrapolou a organização metódica das atividades produtivas já existentes. A racionalização foi, acima de tudo, a subversão do modo de vida vigente, dos valores compartilhados socialmente e da relação do homem com a natureza. Foi

uma invenção, no sentido pleno do termo, de algo que jamais existira antes. A atividade produtiva desfazia-se de seu sentido original, de suas motivações e de seu objeto para tornar-se simples meio de ganhar a vida. O tempo de trabalho e o tempo de viver foram desconectados um do outro; o trabalho, suas ferramentas, seus produtos, adquiriram uma realidade separada do trabalhador e diziam agora respeito a decisões estranhas a ele. A satisfação de “fazer uma obra” comum e o prazer de ‘fazer’ foram suprimidos em nome das satisfações que só o dinheiro pode comprar. Dito de outra maneira, o trabalho concreto só pôde ser transformado naquilo que Marx chamará o “trabalho abstrato” ao engendrar, no lugar do operário-produtor, o trabalhador-consumidor: isto é, o indivíduo social que não produz nada do que consome e não consome nada do que produz; o indivíduo para o qual a finalidade essencial do trabalho é ganhar o suficiente para comprar as mercadorias produzidas e definidas pela máquina social em seu conjunto.12

Reinaldo Ramos de Jesus, 37, Bahia

“Eu sou encanador, tô colocando essa tubulação todinha aí. Tem eu e os companheiros que tamo junto aí também. A dificuldade são todas, né? A correria. Tem que fazer tudo bem feitinho para chegar no final e não ter nenhum problema. Tem que prestar bastante atenção. A dificuldade é essa, é o dia a dia de todo canteiro de obra, é assim mesmo. Quando a obra tá terminada esse serviço aqui nem mostra mais, só aquele bico que tá ali. Quando pega fogo tem um alarme que dispara e solta água. Quando tá pronto tá tudo escondido debaixo de forro. Mas eu sei que eu fiz. Eu aprendi no canteiro de obra. Comecei no canteiro como ajudante do profissional e fui aprendendo. Aí comecei a fazer também e aprendi. A primeira obra que eu passei foi em São Paulo, em 2001. Eu tenho planos de mais para frente fazer um curso para ser mestre de obras. A gente, quando tá numa profissão, tem que crescer também. Na obra, em cada dia a gente vai aprendendo, não é que a gente sabe tudo. O mestre tem que saber de tudo um pouco. Tudo, tudo acho que não consegue aprender, mas de tudo um pouco dá para aprender. O que eu mais gosto é quando tô fazendo meu serviço, né? Que aí você fica focado naquele trabalho. De manhã cedo, quando dá 7 horas você toma seu café e sobe pro canteiro. A sua própria profissão já te dá ânimo para fazer o seu trabalho. O que eu não gosto de fazer é o seguinte: é trabalhar com uma pessoa que fica apavorando você. Tem que trabalhar sossegado, na manha, para não causar acidente, porque o canteiro de obras, quando menos você espera acontece um acidente, então tem que ter cautela. Não adianta fazer as coisas apavorado. Se você faz o serviço tranquilo, você faz uma vez só e não precisa desmanchar o serviço”.

Reinaldo Ramos de Jesus
Juvenal Gonçalves de Lima, 38, Rio Grande do Norte

“Eu sou encarregado de hidráulica, tanto de sprinkler como de PVC. Tenho que fiscalizar, tirar as medidas, passar pro encanador, colocar no relatório de trabalho. Quando eles acabam de fazer o serviço eu vou lá e confiro para ver se tá certo. Aprendi na obra. A primeira obra que eu trabalhei foi no aeroporto de Congonhas em 2007, quando caiu aquele avião. Eu tava na parte externa fazendo uma obra pluvial e vi o acidente. Depois eu fui trabalhar no Rio, em Belo Horizonte, em Porto Alegre e em Buenos Aires. A experiência foi muito boa, só não entendo muito de espanhol. Tô aqui em São Paulo há 12 anos. Tô com 38 anos. Para gente manter a nossa profissão tem que gostar do que faz. Eu trabalhava com culinária, eu era cozinheiro, churrasqueiro, sou até hoje. Eu vim para São Paulo e não achei emprego de cozinha, certo? Aí eu caí na obra. Não tenho vontade de voltar para a cozinha. O que eu mais gosto? Do sprinkler, sistema de combate a incêndio. Não tenho saudade da cozinha porque eu mesmo cozinho em casa. Minha especialidade? Tudo. Uma carne, né? Uma carne de forno. Eu faço uma carne com Coca-cola que nem cachorro come… porque não sobra. Já comeu? Não?! Eu fico olhando aquele chef lá que passa no SBT… como é mesmo o nome dele? Eu não dava para trabalhar com aquele cara não, é chato demais. Tem cara que é ignorante, mesmo. O cara tem que ser humilde, não pode deixar a mente se levar pelo cargo, a gente tem que ser profissional. A melhor coisa do mundo é a humildade. A pessoa bonita que não é humilde fica feia, e a pessoa que é feia e é humilde fica bonita, não é verdade? É só isso mesmo que eu tenho para falar”.

Juvenal Gonçalves de Lima
Varnei Moreira da Silva, 46, Bahia

“Tô em São Paulo há 27 anos. Aqui na obra, eu faço tecnologia hidráulica em geral. Sistema de água em geral, águas pluviais, sprinkler e outras coisas. Olha, dificuldade é mais… a dificuldade a gente vai resolvendo, são poucas. O que eu mais gosto de fazer atualmente é isso aí. O momento do dia que eu mais gosto é de umas brincadeiras com os colegas. Fora do trabalho tenho alguma diversão. Acabei me achando na construção civil, mas também trabalho com metalúrgica. Planos profissionais? Eu não tenho, envelheci. Não vai ter muita coisa. Olha, a gente não se realiza muito. Não é a gente que escolhe o caminho, é o caminho que nos escolhe”.

Varnei Moreira da Silva

“A racionalização à base de um cálculo rigoroso é uma das características fundamentais da empresa capitalista individual, precavida e circunspectamente orientada para o resultado esperado. Que contraste com o cotidiano do camponês, com a rotina e os privilégios do artesão das antigas corporações ou com o capitalista aventureiro! Contudo, considerada do ponto de vista da felicidade pessoal, essa racionalização expressa quão irracional é a conduta que faz o homem existir em função de seus negócios, e não o inverso”.13

Epílogo: uma oração à preguiça

“Trabalhem, trabalhem, proletários, para aumentar a riqueza social e suas misérias individuais, trabalhem, trabalhem para que, ficando mais pobres, tenham mais razões para trabalhar e tornarem-se miseráveis. Essa é a lei inexorável da produção capitalista”14. O jornalista Paul Lafargue, autor destas palavras de exortação, tinha em mente, ao proferi-las, o trabalho como atividade alienada e alienante, promovida pela racionalização e divisão social do trabalho impostas pelo capitalismo. Não foi à toa que escolheu o título Direito à preguiça para o panfleto no qual publicou, em 1880, estas e outras reflexões a respeito do “dogma desastroso” do trabalho. Ele entendia a noção moderna de trabalho, ou melhor, o “amor pelo trabalho” engendrado pelo capitalismo, como uma “loucura” vivida pelo proletariado esmagado sob o jugo da ideologia burguesa. Uma loucura que atravessava o corpo e o coração dos operários e degenerava seu engenho, sua saúde e suas possibilidades de prazer como um verdadeiro vício. Lafargue, porém, em sua exortação para despertar o proletariado da sua “paixão moribunda” pelo trabalho, decide inverter os sinais do que era considerado vício e virtude à época – e ainda hoje, certamente –, e define o próprio trabalho como vício e a preguiça como virtude capaz de saná-lo. Sugere, então, os benefícios da coletividade, da vida orientada ao desfrute e da atividade necessária, e não obrigatória, em uma sociedade renovada a partir da destituição da burguesia do poder e da destruição do capitalismo como razão que organiza a vida individual e coletiva.

“Se, extirpando do peito o vício que a domina e que avilta sua natureza, a classe operária se levantasse em sua força terrível, não para exigir os Direitos do Homem, que não passam de direitos da exploração capitalista; não para reivindicar o Direito ao Trabalho, que não passa do direito à miséria, mas para forjar uma lei de bronze que proíba o trabalho além das três horas diárias, a Terra, a velha Terra, tremendo de alegria, sentiria brotar dentro de si um novo universo…”.15

 Niraldo Vieira da Silva, 40, Alagoas

“Tô há 33 anos aqui em São Paulo. Aqui eu faço alvenaria e massa. Tô fazendo agora alvenaria. Assim, mais ou menos, alvenaria é construir prédio. Assento tijolo, quem prepara massa é o ajudante. Aprendi com os outros mais velhos me ensinando. Entrei como ajudante de pedreiro, e o pedreiro sempre me ensinava: prumo, esquadro, daí em diante até a obra inteira, isso aí tudinho eu faço. Dentro da obra acho que não tem nada que eu não saiba fazer, executo o projeto todo, desde a fundação. Lembro da primeira obra sim, era em Osasco, era prédio esqueleto assim, entrei como ajudante de carpintaria na época. Foi em 1989. No momento mesmo o que eu mais gosto é alvenaria e massa, fazer o reboco. O mais difícil que eu acho? Acho que não tem não. Por dia eu pego das 7 às 5 da tarde, uma hora de almoço. Tenho plano sim, claro que tenho: aposentar e ficar sossegado em casa. Eu trabalho em obra assim desde os 18 anos. Tenho quatro filhos, duas meninas e dois meninos, três casados já. Fiz as casas para eles morarem também, construí minha casa e de três filhos”.

Niraldo Vieira de Souza
Antonio Carlos Maia, 55, Minas Gerais

“Tenho 12 anos em São Paulo. Sempre trabalhei na construção civil. Fui como ajudante, depois passei para carpinteiro. Hoje sou carpinteiro, faço forma, laje, pilar. Mais difícil? Não tem, é tudo fácil. A gente acostuma, né? A primeira obra que trabalhei foi na Cachoeirinha, era reforma de um hospital, trabalhava de carpinteiro também. Eu gosto é de trabalhar de carpinteiro mesmo. Não tem nada que eu não gosto. Sei fazer de tudo um pouco. Eu aprendi com outro carpinteiro. Lembro o nome dele, é… Não sei mais, não lembro. Tenho família, mas tá tudo lá em Minas. Essas formas aí são para laje, a massa fica por fora, depois tira a forma.”

Antonio Carlos Maia
Márcio Ruben, 40, São Paulo

“Eu sou ajudante da hidráulica, mas na verdade aqui foi a minha escola, eu comecei a colocar em prática nessa obra. Tô aqui há dois meses. Trabalho das 7 às 3:40. Eu faço toda a tubulação da área do sprinkler, da área de incêndio. Para mim não tem nada difícil, tudo para mim é simples aqui. Eu fiz o curso pelo Senai, durou 60 dias. Acho que aqui na obra, eu sei fazer quase tudo, daria para ser mestre de obras, mas eu vou lutar para chegar lá. Quero ser mestre de obras. Precisa experiência e fazer o curso, se não me engano são uns 6 meses de curso. O que eu gosto é de me dar bem com todo mundo aqui, isso é o mais importante. Não é difícil não. Quando a gente é pacífico é tranquilo. Na hora do café e do almoço a gente fica juntos. Acho que os pregos, é meio perigoso, pisar… aí a gente fica um tempo em casa. Isso aqui é zarcão para impermeabilização das peças. Tenho que passar em uma por uma por dentro. Em quanto tempo fica pronta essa obra? 2018, né? Eu acho que a gente terminando o sprinkler, a gente vai embora, vai para outra obra. Se a construtora tiver muito cheia vai para outra construtora”.

Marcio Ruben
Andressa Conti, 21, São Paulo

“Eu tô no quarto ano de engenharia. Aqui eu já aprendi muito. Eu já trabalhei em outra construtora, mas lá eu só ficava no escritório. Quando eu vim para cá eu me apaixonei. É muito bom você ver um prédio desde lá de baixo, subindo tudo, fazendo fundação, alvenaria. É tudo diferente. Na faculdade a gente aprende tudo teórico, na prática a gente aprende só em obra. Por exemplo, coisas de estrutura de concreto, que é armação de viga, armação de laje, a hora que a gente chega aqui, a gente fala ‘nossa, era isso mesmo? Achei que era muito mais difícil’. Eu gosto de tudo. Não tem uma coisa que eu não goste. Eu quero trabalhar em obra mesmo. Eu fazendo quantitativo, vendo como está o andamento, como o pessoal tá trabalhando, é disso que eu gosto. No primeiro dia aqui na obra me levaram para conhecer tudo aqui. Me senti mais à vontade para andar sozinha depois de uns três meses. Agora tem a outra menina comigo, a Isabela, e a gente sempre tá andando, vendo o andamento, vendo o que foi feito. Na minha sala de aula tinha umas 8 meninas de uma 35 pessoas. Engenharia ainda é meio restrita para a mulher. Mas antes não tinha, né? Agora tá tendo mais. Todos os empregos que eu fui, para grande construtora mesmo, eles diziam ‘olha, você vai ser nossa última opção, porque eu não gosto de mulher em obra, eu já tive muito problema com mulher em obra. Gostei do seu perfil, mas meu problema é com mulher em obra’. Eu quero ganhar uma boa experiência em obra, depois trabalhar com a parte de pontes, que é algo que eu gosto muito, de grandes estruturas. Tem algumas matérias na faculdade de pontes e grandes estruturas, mas você aprende só o básico, você aprende mesmo é na prática. Eu tenho muita curiosidade também pela parte elétrica e hidráulica. É que ainda não entrou a parte elétrica aqui na obra, mas quando tiver eu quero estar em cima, quero perguntar, saber como é feito. A gente vê no projeto é uma coisa, mas na prática é outra”.

Antonio Marcos Silva Souza, 21, São Paulo

“Trabalho há dois anos aqui. Foi por indicação, um primo meu que trabalha aqui mesmo. Eu sou operador de elevador, conhecido como cremalheira. Sou operador de elevador de carga. Tive treinamento, fiz uma provinha também. Primeiramente a gente tem que não esquecer de fechar a porta, porque muitas vezes o operador pode esquecer de fechar a porta e aí vem uma outra pessoa, não percebe que a plataforma tá baixa e sofre um acidente. Segurança é a base de tudo, você não pode trabalhar num equipamento se ele não tá seguro. Trabalho 9 horas. Assim, no meu serviço, a gente faz bastante amizade e brincadeira, é daóra, né? Todo mundo precisa subir no elevador. Quero continuar meu curso, procurar sempre evoluir. No momento, tô meio parado, mas assim que eu resolver meus problemas financeiros, vou querer me aperfeiçoar na profissão. Eu gosto de estudar”.

Antonio Marcos Silva Souza
Reginaldo Conceição de Oliveira, 32, Bahia

“A bem dizer, eu só nasci na Bahia e fui exportado para cá. Eu já tô há 27 anos aqui. Meu serviço aqui no almoxarifado é receber mercadoria e mandar os equipamentos para a obra, ferramenta manual, elétrica, utensílios, né? Tem que ter controle da obra, o que entra, o que sai, controle do estoque. No final do dia, tem uma contagem. As furadeiras, todas elas, têm uma marcação, uma numeração que a gente marca e, se faltar, a gente vai ver o que aconteceu. Meu cargo é auxiliar de almoxarife. Na construção civil, vai fazer 9 meses. Sou novo na área. Já fiz muita coisa: produção, montador de móveis. Antes disso, eu trabalhava num educandário cuidando de criança. Mudança, né? Lá eu cuidava de criança e aqui tem que cuidar dos adultos. Tem que inspecionar as ferramentas. Se você manda um martelo tem que ver se ele tá acunhado, senão o cara tá lá em cima trabalhando e o martelo cai, causa um acidente. Tem que ter muita atenção. Tô fazendo curso de técnico em segurança do trabalho, vou me formar agora em junho. É um ano e seis meses de curso. Quero trabalhar na área”.

Reginaldo Conceição de Oliveira
Eurides Tomé, 32, Piauí

“Tô tampando os buracos aqui, uns pedacinhos que faltaram. Trabalho desde cedo, trabalho desde pequeno, comecei em Brasília com uns 13, 14 anos. Não queria ficar parado, né? Aí comecei a engatinhar nessa área. Eu ajudava em tudo, aprendi cedo. Foi vontade mesmo de trabalhar para não ter má influência nem má amizade, foi por livre e espontânea vontade. Ahh, lembrar, lembrar da primeira obra eu não lembro porque tinha 13 para 14 anos… Eu morava com a minha mãe lá. Em São Paulo, tô há 20 anos. Não tenho preferência, o que colocar para eu fazer eu faço. A gente não pode escolher serviço, né? O importante é estar trabalhando. Se eu pudesse escolher, por mim, eu queria rebocar. Mas, para mim, tanto faz. Se fosse para trabalhar em outra área eu preferia advocacia, porque eu acho que tem muita pilantragem nesse meio, muito ‘doutor areia’, pessoa que não se dedica. E tudo que a gente faz tem que dar o melhor. A gente não deve trabalhar por puro dinheiro, mas pelo que você gosta de fazer. O ‘doutor areia’ é porque gosta de jogar areia no olho das pessoas esses advogados. Quero terminar meus estudos, agora no momento não tô estudando”.

Eurides Tomé

Mesmo Marx, conhecido como teórico do trabalho – o sociólogo Francisco de Oliveira refuta essa definição e o chama de teórico da mercadoria e do capital –, diz que “o reino da liberdade só começa, de fato, quando cessa o trabalho determinado pela miséria ou por finalidades externas a ele; encontra-se, portanto, naturalmente além da esfera da produção material propriamente dita… O pleno desenvolvimento das potencialidades humanas, cujo próprio fim é alcançar o reino da liberdade, só começa além da esfera da produção material.” 16

Como fazer, então, para que um trabalhador “corrompido pela moral capitalista”, nas palavras de Paul Lafargue, possa decidir libertar-se do vício do trabalho? Considerando o enraizamento profundo de tal vício em cada corpo, em cada subjetividade, em cada mínima fresta da vida humana, de outrora e de hoje, Lafargue formula, com ironia – afinal, será possível a derrubada definitiva do capitalismo? – uma oração à virtude da preguiça.17

Notas de Rodapé

  1. DURAN, Sabrina. “De Brasília a Guarulhos: caos planejado e violência como método” (21/11/2016) In:Contracondutas. Disponível em: < https://ct.escoladacidade.edu.br/contracondutas/reportagens/de-brasilia-a-guarulhos-caos-planejado-e-violencia-como-metodo/>. Acesso em 06/03/2017.
  2. DURAN, Sabrina. “Escravos de ontem e de hoje: nexos entre trabalhadores no canteiro colonial e contemporâneo” (19/12/2016) In: Contracondutas. Disponível em: < https://ct.escoladacidade.edu.br/contracondutas/reportagens/escravos-de-ontem-e-de-hoje-nexos-entre-trabalhadores-no-canteiro-colonial-e-contemporaneo/>. Acesso em 06/03/2017.
  3. DURAN, Sabrina. “Entre o projeto e a execução: o papel do arquiteto na diminuição [ou aumento] da violência no canteiro de obras” (01/02/2017) In:Contracondutas. Disponível em: <https://ct.escoladacidade.edu.br/contracondutas/reportagens/entre-o-projeto-e-a-execucao-o-papel-do-arquiteto-na-diminuicao-ou-aumento-da-violencia-no-canteiro-de-obras/>. Acesso em 06/03/2017.
  4. DURAN, Sabrina. “Precarização e lucro: trabalho degradante na construção civil e a produção e consumo da cidade neoliberal – Ato I” (08/02/2017) In:Contracondutas. Disponível em: <https://ct.escoladacidade.edu.br/contracondutas/reportagens/precarizacao-e-lucro-trabalho-degradante-na-construcao-civil-e-a-producao-e-consumo-da-cidade-neoliberal-ato-i/>. Acesso em 06/03/2017.
  5. DURAN, Sabrina. “Precarização e lucro: trabalho degradante na construção civil e a produção e consumo da cidade neoliberal – Ato II e III” (13/02/2017) In:Contracondutas. Disponível em: <https://ct.escoladacidade.edu.br/contracondutas/reportagens/precarizacao-e-lucro-trabalho-degradante-na-construcao-civil-e-a-producao-e-consumo-da-cidade-neoliberal-ato-ii-e-iii/>. Acesso em 06/03/2017.
  6. DURAN, Sabrina. “Corpos no canteiro: a normalização discursiva e legal da exploração do trabalhador da construção civil” (20/02/2017) In:Contracondutas. Disponível em: <https://ct.escoladacidade.edu.br/contracondutas/reportagens/corpos-no-canteiro-a-normalizacao-discursiva-e-legal-da-exploracao-do-trabalhador-da-construcao-civil/>. Acesso em 06/03/2017.
  7. CHAUÍ, Marilena. “Introdução” In. LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo: Editora Unesp / Editora Hucitec, 2000, p. 11.
  8. GORZ, André. Metamorfoses do Trabalho. Crítica da razão econômica. Annablume, 2003.
  9. ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2007.
  10. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 61.
  11. LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS. Decreto lei nº 3.688, de 03 de outubro de 1941.
  12. GORZ, André. Metamorfoses do Trabalho. Crítica da razão econômica, op. cit., p. 30.
  13. WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo, op. cit., p. 78-79; p. 83.
  14. LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo: Editora Unesp/Editora Hucitec, 2000, p. 79.
  15. Ibid., p. 53.
  16. MARX, Karl apud GORZ, André. Metamorfoses do Trabalho. Crítica da razão econômica, op. cit., p. 22-23.
  17. LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça, op. cit., p. 112.

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