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08.06.2016

Karina Leitão: Impacto de grandes projetos em comunidades atingidas: o caso de Belo Monte.

Marina Brant

A provisão da infraestrutura na organização espacial brasileira se consolida através de um crescimento econômico seletivo e pontual, socialmente excludente, ambientalmente predatório e territorialmente fragmentado. Karina Leitão, que estudou estas questões em seu doutorado pela FAUUSP em 2009, ilustra em aula ministrada no âmbito do Projeto Contracondutas, como no caso da Hidroelétrica de Belo Monte a premissa de ser “energia limpa” se torna significativamente refutável.

Através de uma síntese histórica das ações sobre o território, de Vargas até Lula, Leitão expõe como os discursos preponderantes no planejamento territorial não se modificaram ao longo do século XX, sendo aceitos sem qualquer tipo de questionamento, reiterando uma abordagem geopolítica forjada na ditadura, que induz a privatização do espaço e uma ocupação assimétrica e desconectada por intermédio de eixos, polos e enclaves, que estimulam ainda mais a disparidade social regional.

Em vista disso, o que molda o território atualmente é a tradição de grandes obras, resultante de uma estratégia ultrapassada, que preza por uma maior conexão com o exterior do que com o interior do país e um Estado submetido às exigências do mercado, refletindo os interesses do capital em um delírio neoliberal, como demostra Sílvio Tendler em seu filme Privatizações: Distopia do Capital (2014).

Por conseguinte,torna-se imprescindível contestar projetos nacionais de reprimarização da economia, que acionam o território de maneira extensiva e arcaica, pautados por grandes obras de infraestrutura controladas pelas multinacionais que enriquecem ilicitamente, como é o caso de produção de energia baratana Hidroelétrica de Belo Monte.

O debate sobre a Belo Monte travado neste seminário busca, portanto,desconstruir o mito da política que legitimou sua concretização e que se contradiz eticamente com o discurso protocolar degeração de empregos e de energia “limpa”enquanto se utiliza da mão de obra escrava e da remoção forçada de ribeirinhos em reassentamentos precários afastados do rio, ignorando o desejo de estar perto da água, e não reconhecendo o modo de vida local. Além de socialmente excludente, ambientalmente predatório e territorialmente fragmentado, é acima de tudo,uma violência mascarada de planejamento territorial.

Para assistir a palestra completa, clique aqui.

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