Horta – Etapa 3
A rede de transmissão de energia elétrica das cidades sempre se destaca na paisagem pela altura de suas torres e pela cicatriz no tecido urbano. Estas áreas livres, no entanto, abaixo das torres, poderia ter um valor para as comunidades por onde passa. Por questões de segurança e manutenção da rede elétrica, não é permitido que se construam edificações nessas áreas, porém o terreno é fértil para a instalação de hortas urbanas.
O projeto que propõe a transformação desses espaços em hortas, que hoje são matagais isolados por muros, é possível pela legislação vigente, por se tratar de uso que não oferece riscos e ainda assim mantém a área livre de outras construções. Dessa maneira, o verbo “verdejar” adquire outras cores – o laranja das cenouras, o vermelho dos tomates, o roxo das beterrabas – aplicando a esse espaço residual de infraestrutura urbana um novo uso, que promove empregos e novas perspectivas de abastecimento da cidade.
O segmento da linha de transmissão que atende o Campo Limpo tem no total 3,5 quilômetros – quase a mesma extensão do Minhocão, no centro da cidade –, com larguras que variam entre 10 e 20 metros. Toda essa área, que deve obrigatoriamente ser mantida livre de ocupação, gera extensos vazios na cidade, que desconectam o território. Ao ocupá-los com hortas, que podem ser administradas pelos próprios moradores, é possível ao mesmo tempo produzir alimentos, gerar empregos e conectar os espaços urbanos, com investimentos de baixo custo e rápido retorno.
Isso pode promover abastecimento local e minimizar grandes deslocamentos na cidade, seja pela distribuição de alimento ou pela procura de emprego. Por consequência, reduz o movimento pendular que acompanha esse processo e contribui para o fortalecimento da economia e identidade locais, por exemplo, os alimentos poderiam ser usados na merenda escolar, unindo a produção de alimentos com práticas pedagógicas e educação alimentar.