Orientadores: Pedro Lopes, Amália Cristovão dos Santos e José Eduardo Bavarelli (FIAM-FAAM)
Discente: Juliana Barbosa Souza
Descrição: A partir do flagrante de 111 trabalhadores da construção civil em trabalho análogo à escravidão no canteiro de obras da OAS em Guarulhos, a pesquisa propõe explorar os encontros e relações entre os campos da antropologia e da arquitetura, por meio de métodos e objetos do primeiro que permitam ampliar o escopo do segundo, tanto na formação quanto nas práticas profissionais. A aproximação com a antropologia é frequentemente invocada nos espaços de pesquisa e atuação da arquitetura e do urbanismo, marcadamente em debates que envolvem outros grupos da população, como projetos participativos e ação em áreas precárias. Para além dos temas em que regularmente essa relação entre os campos é estabelecida, o que propõe-se aqui é tomar os trabalhadores dos grandes canteiros como tema, tendo como objeto inicial as obras da OAS de construção do novo terminal do aeroporto de Guarulhos e, mais especificamente, focando o recorte de estudo nas informações constantes do processo acerca das 111 pessoas que trabalhavam nesse canteiro. Essas informações, associadas a pesquisas decorrentes, podem elucidar aspectos do canteiro de obras de grande porte, apreendidos a partir, por exemplo: das relações estabelecidas entre os trabalhadores e entre esses e seus contratantes; da mobilidade espacial dessas pessoas; dos regimes de trabalho; das redes de relação; das conexões entre os trabalhadores da obra e as áreas em seu entorno; e outras. Dessa forma, propomos a criação de uma pesquisa que parta das relações entre a arquitetura e antropologia e se detenha no mencionado canteiro, aplicando e experimentando as reflexões construídas por meio da análise etnográfica.
Foto: Juliana Barbosa
Descrição: Fotografias realizadas em meados do ano de 2015, na cidade de São Paulo e Guarulhos, em visitas técnicas à obra do Rodoanel Norte, a qual estava em fase intermediaria de construção.Dentro dos grandes canteiros de obra pude observar – através do convívio com as gerenciadoras (equipes de obra), trabalhadores (pedreiros e serventes) e também moradores que residiam em áreas de alto risco e que seriam removidos por estarem nos limites do projeto – que se tratava de um lugar de pressão e mudança, de conflitos e problemáticas sociais, técnicas e profissionais que irrompiam com o andamento e execução da obra em questão.
Referências bibliográficas iniciais:
SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. Como e quando pode um arquiteto virar antropólogo?. In: VELHO, Gilberto [org.]. O desafio da cidade: novas perspectivas da Antropologia brasileira. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1980, p. 37-57.
RIBEIRO, Gustavo Lins. Bichos de obras: fragmentação e reconstrução de identidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Anpocs, v. 18, 1992.
PRESTES, Claudia Alvarenga. Os trabalhadores e a formação de uma cidade do Mato Grosso: família, vizinhança e compadrio em Sorriso. 2010. Dissertação (mestrado) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.