GRU-111: Contracartografias
Grupo de Pesquisa NEC.USP: David M. Sperling, Fábio Lopes de Souza Santos, Luciano B. da Costa, Ruy Sardinha Lopes
Alunos de Pós-Graduação do IAU.USP, pesquisadores NEC.USP
Cristina Kiminami
Guilherme Cuogui
Marilia Solfa
Paula Ramos Pacheco
Rafael Goffinet
Rafael Sampaio
Tássia Vasconselos
Alunos de Graduação do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU.USP)
Alessandra Vitti
Aline Sgotti
Ana Carolina Dias
Ana Paula Guaratini
Arthur Bignelli
Beatriz Costa
Bruno Rossler
Caio Jacintho
Daniel Nardini Marques
Eduardo Costa Cordeiro
Giovanni Bussaglia
Jeanne Vilela
João Gonçalves
José Vitor Coelho
Kaio Stragliotto
Laura Adami
Miranda Zamberlan Nedel
Paul Newman Santos
Renan Gomez
Renato Tamaoki
Tiago Hindi
“GRU-111 é o prefixo de uma Aeronave que em 2013 realizou vôo entre Maranhão-Pernambuco-Sergipe-Bahia e o Aeroporto de Guarulhos. Na chegada, 111 pessoas fizeram “check-in” na Área de Migração. Em seus passaportes, foi concedido o visto de entrada com o carimbo ‘Escravos’”.
‘Quando o Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, começou a ser construído em 1980, a população do distrito de Cumbica, onde ele fica, cresceu vertiginosamente. Os novos habitantes, em sua maioria do Nordeste do Brasil, ali se estabeleceram para trabalhar pelos cinco anos seguintes nas obras do aeroporto. Mais de trinta anos depois, os bairros do distrito agora abrigam grande parte dos 4,5 mil funcionários da de uma das maiores construtoras do país e a responsável pelas obras de ampliação do aeroporto mais movimentado da América Latina. Segundo fiscalização conduzida por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são empregados dela também 111 homens resgatados de condições análogas às de escravos.’1
Como tratar fatos inaceitáveis, sem operar na chave do discurso e da imagem próprios da denúncia? O Projeto GRU-111: Contracartografias pretende compreender aspectos da complexa estrutura econômica, social, cultural e tecnológica que permitiu a ocorrência de um fato de tal magnitude por meio do desenvolvimento de contracartografias. Entendemos contracartografias como modos de correlação e espacialização da informação, que por meio de re-elaborações estéticas e aproximações daquilo que usualmente se apresenta ou é oferecido de modo disperso à percepção podem desvelar aspectos da realidade contemporânea, ativando a compreensão e a tomada de posições críticas.
No contexto do Projeto Contracondutas, GRU-111: Contracartografias toma o AEROPORTO como objeto-ícone do contexto contemporâneo de mercadificação e globalização a ser dissecado, analisado e interpretado visual e graficamente. O Aeroporto será o epicentro a partir do qual poderemos investigar correlações mais amplas – mas, articuladas com o foco geral do projeto – entre arquitetura, trabalho, turismo, comportamento, infraestrutura, financeirização, público e privado, migrações, comércio internacional, luxo, precarização, desejos, exploração, controle e fluxos, dentre outros. A hipótese é que é possível conectar a existência de “trabalho análogo ao escravo” a um universo maior de variáveis que constroem o contexto atual, e o Aeroporto, em particular.
Neste processo utilizaremos a estratégia de representação ‘figura/fundo’ para, ao delinear ‘fundos’, revelar ‘figuras’; de representação de ‘espaços servidos’ versus espaços de serviço para, ao representar ‘espaços servidos’, revelar ‘serviços’. Dar visibilidade ao que, neste contexto, mostra-se oculto.
O projeto será realizado em duas instâncias articuladas:
– workshop com pesquisadores do NEC.USP e professores da Escola da Cidade, contando com a participação de alunos dos cursos de arquitetura e urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP e da Escola da Cidade. O workshop será sediado simultaneamente no IAU-USP e na Escola da Cidade;
– produção e edição de trabalhos pelos pesquisadores do NEC.USP. Timeline/Workline/Airline, David Sperling (estudo I – 2016)